quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Os BRICS têm moeda forte - Adiantamento sobre contrato de câmbio (ACC) feito em moeda chinesa -

人  民  币
Ren Min BiComércio exterior não é para os fracos de coração.

Afinal, o exportador vende a mercadoria cotada em outra moeda e dependerá do câmbio do dia em que receber o pagamento para saber quantos reais receberá pela venda.

Numa operação simples, não é tão aterrorizante. Mas quando a empresa passa a fechar contratos internacionais de fornecimento contínuo em que os preços dos próximos 24 meses são fixados  hoje, o jogo fica bem complicado.

Na conta entram a cotação de uma cesta de moedas, o juro brasileiro, o juro internacional, os preços de frete, os ajustes do custo de produção e o imponderável custo Brasil.

Para evitar que as empresas tenham que fazer diversas operações de hedging (proteção) e operar com contratos de opções ou contratos futuros em bolsa, os bancos têm linhas de crédito próprias para financiar a exportação.

São os chamados ACC (Adiantamente sobre Contrato de Câmbio) e ACE (Adiantamente sobre Cambiais entregues).

Funciona assim: se vou exportar, pego um ACC no banco para financiar minha exportação. Recebo em reais agora e pagarei ao banco com os dólares que receberei assim que embarcar a mercadoria.

Se já embarque a mercadoria, mas vou receber em parcelas, pego um ACE no banco. Recebo em reais agora e pagarei ao banco com os dólares que for recebendo, à medida que o importador for pagando as faturas.

Mas quem disse que esse contrato tem que ser sempre em dólares?

BRICS têm moeda forte

No terceiro encontro entre países do BRIC, realizado em 2010, foi assinado um termo de cooperação entre os bancos de desenvolvimento e fomento dos 4 países (BNDES, China Development Bank Corporation,  Export-Import Bank of India e Vnesheconombank).   Texto integral aqui,

O objetivo deste memorando era viabilizar financiamentos entre os 4 países por meio das moedas nativas, sem o intermédio de dólares, euros ou "coroas" de qualquer tipo.

Pois bem, já vejo resultados.

O Banco do Brasil financiou exportações feitas para a China pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), empresa mineira especializada na extração de Nióbio. Esse financiamento se deu através de um ACC contra contrato internacional em RenMinBi. 

Ou seja, o Banco do Brasil financiou a exportação através de uma linha de crédito em moeda chinesa. (Que se chama RenMinBi, e não Yuan. Yuan é só a unidade de medida)

Espero que a moda pegue, pois isso tornará muito mais fácil e barato exportar para os outros membros do BRIC.

Se cuida, Dólar! O Brasil está abrindo as portas para outros colonizadores.






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